domingo, 23 de agosto de 2009

Síndrome do Mal

Ó terra ingrata,

por onde um dia passei

na plenitude da vida

à tristeza roguei

Embalsamado em meus sonhos

Entrevado sob a realidade

Salpicado pelo sangue nobre

Da negra ave da maldade

Companheira de outras eras

Lembrança em minh’alma

Abatida em vôo sombrio

O submundo agora a salda

Desatinos líricos

fortalecem o coração empedrado

Firme áurea reluzente

Na sombra do passado

Sincera inocência perdida

Fugaz amante louvada

Serena morbidez expira

Feito certeira flechada

Não há mais busca

Estranha e total demência

Apenas uma terrível luta

Instintiva sobrevivência

Marcado pela dor

Entorpecido pelo ópio

Desde as mais longínquas noites

Perseguido pelo ódio

Suave veneno que corroe

maldita angústia no peito

Preparando o ser sórdido

Para seu fúnebre leito

Sinfonia mórbida ecoa

dos doces lábios da donzela

A melancolia me chama

E agora me vela

Bendita paz derradeira

À ela e à mim defere

Eterno sepulcro solitário

Não há morte que a leve

Karla Maggot

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